sábado, 18 de junho de 2011

Evolução da sociedade matriarcal para a patriarcal


Do amor, para o medo!

Sabe-se que o ser humano habita o planeta há mais de dois milhões de anos. Por três quartos desse tempo o ser humano passou por uma "cultura de caça aos pequenos animais para a sobrevivência". Nesses grupos a mulher era personagem central, considerada um ser sagrado, não havendo divisões entre os sexos no poder. Neste período havia uma liberdade sexual maior e, por esse motivo, havia poucas guerras para a conquista de territórios.

A mulher era considerada um ser sagrado, pois só a ela era atribuído à função de procriação. Os homens se sentiam marginalizados e tinham "inveja do útero", da mesma forma que, nas culturas patriarcais, a mulher sente inveja do "pênis".

Essa "inveja do útero" teria originado dois ritos importantes: o primeiro, o fenômeno do "couvade", em que a mulher começa a trabalhar dois dias depois do parto e o homem fica de resguardo com o recém- nascido. O segundo, a iniciação dos homens, em que os jovens eram arrancados da casa das mães, e faziam um ritual espiritual imitando um cerimonial de parto, declarando, a partir disso, que o a mulher poderia teria o poder biológico e o homem o espiritual.

Só nas regiões onde a coleta era escassa, que se inicia a caça aos grandes animais. A força física havia se tornado essencial, as guerras por territórios aumentaram, iniciando-se, assim, a supremacia masculina.

Mesmo neste período, o homem ainda não sabia da sua função reprodutora, crendo que a mulher ficava grávida dos deuses. Foi no decorrer do neolítico que, em algum momento, o homem começou a dominar a sua função biológica reprodutora. Apareceram, então, os casamentos em que a mulher tornava-se propriedade do homem.

Com as lutas por conquista de territórios e terras férteis para o plantio, começaram a surgir as primeiras aldeias, depois as cidades, cidades-estados, Estados, Impérios, e assim sucessivamente, criando-se as sociedades patriarcais, em que predomina a lei do mais forte. Nesse contexto quanto maior o número de filhos, mais soldados e mão-de-obra para arar as terras, ficando a mulher reduzida ao âmbito doméstico.

Nas primeiras civilizações, a criação do mundo era atribuída a uma deusa-mãe, sem auxílio de ninguém. 

Mais tarde, foi concebida a idéia de um deus andrógino ou um casal criador. Posteriormente, um deus macho toma o poder da deusa, ou cria sobre o corpo da deusa primordial.

Da primeira etapa, temos o exemplo grego de "Géia", a "mãe-terra". Dela originam-se todos os outros deuses gregos. Da segunda etapa, encontram-se exemplos de deuses andróginos no hinduísmo e no conceito filosófico de "Yin e Yang", em que o principio feminino e masculino governariam juntos. Da terceira etapa, encontramos a deusa sumeriana, "Siduri", que reinava em um jardim de delícias e cujo poder foi usurpado por um deus solar.

A partir do segundo milênio a.C., raramente se registravam mitos em que a divindade primária fosse uma mulher. Nesta época, Javé é deus único e onipresente, criando sozinho o mundo em sete dias, criando ao final desse período, o homem e, em seguida, a mulher a partir de uma de suas costelas. Ou seja, em poucas palavras, foi o homem quem pariu a mulher.

Ambos são destinados ao jardim das delícias mas, graças à sedução da mulher, o homem cede à tentação da serpente e o casal é expulso do paraíso. Nesta época, o parto não está mais ligado ao sagrado, e é considerado uma vulnerabilidade, representando a passagem do matricentrismo para o patriarcado.

Então, é preciso usar controles mais rígidos para que o homem seja obrigado a trabalhar, surgindo as proibições e transgressões, principalmente no que se refere ao corpo e a sexualidade. A mulher passa a ser definida por sua sexualidade e, o homem, por seu trabalho.

Já não é mais o homem que inveja a mulher, invertem-se os papéis. A mulher agora, carente e vulnerável, torna seu desejo o centro da sua punição.
Coloca-se no sexo o pecado supremo.

Na Alta Idade Média, a condição das mulheres melhora em certo sentido: elas têm acesso às Artes, às Ciências e à Literatura. Já no final do século XIV até meados do século XVIII, recrudesce a repressão sexual ao feminino, surgindo a "caça às bruxas" através da Inquisição.

Segundo a autora, no fim do século XV e no começo do século XVI, houve milhares de execuções, espalhando-se o terror pela Europa. Estima-se que 85% dos "bruxos" executados eram mulheres.



Mas por que tudo isso? Sabe-se que, desde a mais remota Antiguidade, as mulheres exerciam funções de "curandeiras" populares, parteiras e detinham saber próprio transmitido de geração em geração. Na Idade Média, as mulheres camponesas pobres não podiam pagar por médicos para cuidar de sua saúde e, portanto, através dos conhecimentos aprendidos sobre ervas, partos e outros cuidados com a saúde, tornaram-se verdadeiras "médicas populares". Deste modo, passaram a representar uma ameaça a comunidade Médica e ao Poder Instituído porque, para transmitir suas experiências, elas formavam organizações nas quais trocavam segredos entre si.

A religião católica e, posteriormente a protestante, fizeram dos tribunais da Inquisição, uma caça em massa aos que eles julgavam heréticos ou bruxos. Nos quatros séculos de perseguição às bruxas, segundo a autora, nada se verifica de histeria coletiva: ao contrário, o que se viu foi uma perseguição bem calculada e planejada pelas classes dominantes. De doadora da vida, símbolo da fertilidade para as colheitas, a situação se inverte: a mulher torna-se a maior pecadora, origem de todas as ações nocivas ao homem. 


Como vimos anteriormente em Foucault, esse "poder de controle do corpo e da sexualidade", tornou-se essencial para dar início ao sistema capitalista.

Finalmente quando cessou a caça as bruxas no século XVIII, no que se refere à sexualidade, as mulheres tornam-se "frígidas", pois orgasmo era considerado "coisa do diabo", e elas são novamente reduzidas ao âmbito doméstico.

Recentemente, já no final do século XX, podemos observar um outro fenômeno surgindo: a mulher jovem liberta-se do controle da sexualidade e a reclusão do domínio privado, trazendo para o patriarcado pela primeira vez os valores femininos.

Através desta breve introdução histórica, podemos perceber como surgiu a articulação das idéias de "pecado, proibição e transgressão" no que se refere à sexualidade humana e os motivos porque persistem, ainda na atualidade, certos tabus e preconceitos. Nos próximos estudos, pretendo abordar "algumas variáveis" empregadas pela Inquisição para definir o que era "bruxaria" no âmbito da sexualidade.

Referência Bibliográfica:

MURARO, Rose Marie. Breve Introdução Histórica.In: SPRENGER, James. KRAMER, Heinrich.O Martelo das feiticeiras. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1991, 2a. ed.

Artigo publicado originalmente na Revista Sexualidade
Em lugar de ser a fonte de todo o amor; 
converteu-se na fonte de todo o temor. 
Uma das mais conhecidas representações é a Vênus de Willendorf. Alguns sugerem que a corpulência representa um elevado estatus social numa sociedade caçadora e coletora, além da referência à fertilidade. A imagem também pode ser um símbolo de segurança, de sucesso e  bem-estar. Para as sociedades antigas, que dependiam da agricultura e dos ciclos da natureza, a fertilidade era essencial para sua sobrevivência, sendo esta associada à divindade. Na mitologia antiga são consagrados também os mitos femininos das deusas-mãe, valquírias*, erínias*, harpias* e a deusa da sabedoria e da guerra, Atena. As sacerdotisas ou pitonisas, as amazonas (guerreiras) e matemáticas são exemplos de mulheres importantes da sociedade grega.


Notas:


*Civilização Minóica: Os minoicos foram uma civilização pré-helênica da idade do bronze, em Creta, no mar Egeu.
*Valquírias: Na mitologia nórdica, as valquírias eram servas de Odin. Elas eram belas jovens mulheres, que montadas em cavalos alados e armadas com elmos e lanças, sobrevoavam os campos de batalha escolhendo os guerreiros recém-abatidos mais bravos, que entrariam no Valhala. Elas o faziam por ordem e benefício de Odin, que precisava de muitos guerreiros corajosos para a batalha do Ragnarok (a batalha final).
*Erínias: As Erínias (Fúrias para os romanos) eram personificações da vingança, semelhantes a Nêmesis. Enquanto Nêmesis punia os deuses, as Erínias puniam os mortais. Eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável). Viviam nas profundezas do submundo, onde torturavam as almas pecadoras julgadas por Hades e Perséfone. Pavorosas, possuíam asas de morcego e cabelo de serpente.
*HarpiasAs harpias são criaturas da mitologia grega, frequentemente representadas como aves de rapina com rosto de mulher e seios.

Sociedades matriarcais antigas:
Ilha de Malta: Pesquisas arqueológicas evidenciam o culto à deidades femininas, chamadas "damas gordas". Os inúmeros achados de estatuetas femininas somados às evidências de culto e adoração a essas imagens inspiraram uma tradição de uma religião fundamentada no culto à deusa-mãe.
Celtas: Entre os celtas as mulheres possuíam o mesmo status social dos homens. Elas recebiam treinamento para a guerra, dispunham dos bens herdados da maneira que lhes conviesse, e não sofriam discriminação por se divorciar. Sempre foram descritas como livres.
Sociedade minóica: Os afrescos descobertos pela arqueologia revelam a importância conferida à mulher, que exercia funções religiosas, administrativas e políticas. Os minóicos eram pacíficos, acreditavam que os deuses governavam tudo e a mulher era fundamental para garantir a pacificação social.
Amazonas gregas: Mulheres guerreiras gregas, ficaram famosas por terem sido grandes guerreiras e líderes sociais, além de serem os primeiros seres humanos a adestrar cavalos e cavalgá-los. Devido a isso até hoje o termo se refere às mulheres que montam cavalos ou que cavalgam.
América do Sul: As icamiabas eram índias que dominavam a região próxima ao rio Amazonas. A belicosa vitória das icamiabas contra os invasores espanhóis foi tamanha que o fato foi narrado ao rei Carlos V, o qual, inspirado nas antigas guerreiras amazonas, batizou o rio de Amazonas. 

fonte:http://alemdofisico.blogspot.com/2010/11/sociedade-matriarcal.html


ps:O livro Conversando com Deus 3, fala sobre essa época, de forma muito clara...vale a pena ler os três livros..trecho do cap.2:


"Os homens mostram ressentimento para as mulheres que estão tentando recuperar parte 
de seu poder, porque dizem que não fariam tudo o que fazem pela cultura, se ao menos não 
tivessem o poder necessário para fazê-lo. 
As mulheres mostram ressentimento para os homens que têm todo o poder e dizem que não 
continuarão fazendo pela cultura, o que fazem, se forem permanecer sem poder. 


Os homens e as mulheres estão condenados a repetir seus próprios 
enganos em um ciclo contínuo de miséria autoinfligida, até que uma parte ou a outra compreenda 

que a vida não é poder, a não ser fortaleza. Até que ambos compreendam que não se trata deseparação, mas sim de unidade. É na unidade onde existe a fortaleza interior e é na separação 
aonde se dissipa, deixando uma sensação de debilidade e de impotência e, portanto, de luta pelo poder
Digo-lhes isto: terminem com esse distanciamento entre vocês e com a ilusão de separação e assim voltarão para a fonte de sua fortaleza anterior. Aí é onde encontrarão o verdadeiro poder. O poder para fazer algo. O poder de ser algo. O poder de ter algo, posto que o poder para criar se deriva da fortaleza interior que se produz através da unidade. 

Isto é certo na relação entre vocês e seu Deus, assim como é notavelmente certo da relação entre você e seus congêneres. 
Deixem de pensar que estão separados e todo o poder verdadeiro que se obtém da fortaleza interior da unidade será dele, como uma sociedade mundial e como uma parte individual desse tudo para exercer seus desejos. 

Entretanto, recordem isto: 
O poder surge da fortaleza interior. A fortaleza interior não se obtém do poder bruto. referente a isto, quase todo mundo compreende o contrário. 
O poder sem a fortaleza interior é uma ilusão. A fortaleza interior sem unidade é uma mentira. Uma mentira que não serviu à raça, mas sim se arraigou firmemente na consciencia de sua raça. Vocês pensam que a fortaleza interior surge da individualidade e da separação e, simplesmente, isto não é assim. A separação de Deus e entre vocês é a causa de todo seu mau funcionamento e sofrimento. 
Não obstante, a separação contínua disfarçada como fortaleza e sua política, sua economia e inclusive religiões, perpetuaram a mentira. Esta mentira é a gênese de todas as guerras e de todas as lutas de classe que conduzem à guerra; de toda a animosidade entre as raças e os gêneros e de todas as lutas de poder que conduzem à animosidade; de todos os julgamentos e as tribulações e de todas as lutas internas que levam às tribulações. 
Apesar disto, aferram-se com tenacidade à mentira, sem importar que já viram para onde os conduz, inclusive se os conduziu até sua própria destruição. ".
Neale D. Walsh

9 comentários:

  1. Amor não é coisa é abstrato logo só existe naquilo que se faz e dizer falado ou escrito é fazer e como tal Deus é nada e amor e deus são antagónicos logo estes textos mistificadores são negocio de prostituta de mente humano que não quer viver como Homem. Avancemos nos direitos interpessoais reais do presente e não na prostituição humana que somos todos iguais quer em sexo quer em alimentação. Este é um péssimo livro mas ainda há piores

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  2. Eu gostei..talvez tenha que avançar mais como vc disse..Tudo no seu tempo , a verdade depende do observador e do tempo dele....
    Obrigada pelo seu depoimento!
    Um abraço!
    Ana

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  3. Gostaria de parabenizar seu blog.
    Mais cometeu erros: tinha deuses masculinos também como o filho da Grande Deusa e também seu cortejador:O Touro sagrado.
    No Matriarcado milenar ( kemet pré-dinástica,Meroic, Punt, etc..) O homem para elas só era a força guerreira e Potencia Viril . Raramente é o ser que cuidava das crianças. Segundo relatos: NÃO EXISTIA O LESBIANISMO !
    isso mesmo oque você leu o corpo da mulher era sagrado ao ponte de só poder ter relações com aquilo que foi projetado para elas "O Penis Potente " materializado no Grande Deus ( seja ele Osíris ,Ápis,ou o Touro) No matriarcado Africano tinha um a lenda que o Homem e a Mulher nascem com partes masculinas e femininas , para isso seria necessário a circuncisão "para tirar a parte feminina do homem 'película,e masculina da mulher 'clitóris' " é possível que os Keftiu (minoicos) também a praticavam pois os egípcios nem negociavam com pessoas sem serem circuncidadas . Fernando Jimenez Del oso diz : O Matriarcado Hétero das Grandes deusas (`Ìsis em Kemet ,Réia em Creta,Candaces filhas de Amon e Mut no Meróe ) foi substituído pelo Patriarcado Gay de Zeus.
    Espero que tenha ajudado.

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  4. Obrigada por compartilhar seu comnhecimento.O texto acima como citei ,não é meu,mas mesmo assim,fico grata por nos ajudar a entender melhor a hist'toria!
    Paz e Luz!

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  5. Obrigada por semear a luz em mim. E seu blog é um amor ♥

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  6. obrigada por semear a luz em mim. E seu blog é um amor ♥

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  7. Eu que agradeço o seu carinho! Um beijo

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  8. Muito bom o seu blog,mas quando vejo como as mulheres perderam seu poder na sociedade de uma forma tão covarde eu fico com muita raiva :{ se as mulheres são discriminadas e subjugadas até hoje é por causa de homem invejoso daquele tempo.concordo que ambos os sexos sejam tratados de maneira igual mas a mulher sempre foi a fonte de vida ela é o amor é tudo na vida do homem,o que seriam deles se não fosse a gente ? Parabéns pelo seu blog muito bom mesmo.

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