sábado, 3 de setembro de 2011



O amor incondicional é mal compreendido. Não se trata de amar desenfreadamente, não se trata de amar mais um assassino do que seu filho. Trata-se de tolerância, de aceitação e de total despren-dimento em relação aos atos de terceiros, não por uma ideia ou por um sentimento, mas pelo estado de atenção consciente. 

Quando se está consciente do que se passa no mundo, nas pessoas  e dentro de si mesmo, tudo começa a fazer sentido e tudo começa a ser compreendido sob um ponto de vista mais abrangente e desapegado. Assim, aquele que está consciente, vê o assassino como ele realmente é: um ser humano confuso,cheio de medo e totalmente inconsciente de suas ações. Ver isso é um ato de amor. 

Aquele que, ao contrário, não é capaz de amar, não tem consciência dos motivos e das razões mais profundas que podem acometer aqueles que obram mal. Tudo o que ele sente é ódio e o ódio nubla a fronte, impedindo-o de enxergar o que está além do óbvio.

Mas aquele que está consciente e aberto ao amor, consegue compreender, aceitar e perdoar de maneira amorosa qualquer pessoa do mundo, independente de seu crime. 
Não quer dizer, repito, que ele vá amar um assassino da mesma forma que ama uma criança, mas vai estar completamente consciente e amoroso em relação a ele. 
Isso é aquilo que chamamos de “A Arte da Tolerância”. Apenas quando a humanidade aprender a tolerar seus defeitos, suas diferenças, seus erros e suas limitações é que a sociedade irá evoluir como 
um todo. Quando não existe tolerância, a segregação ganha força e sai de controle. É o que presen-ciamos nos dias atuais. 

A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos.” 
Mahatma Gandhi 

O fim da segregação não está na tolerância, pois é um aspecto muito mais profundo, todavia o começo da mudança se dá a partir dela. E também a partir da tolerância é que começa a florescer aquilo que chamamos de amor incondicional, ou amor consciente. 

Quando não há consciência, o amor corre o risco de se distorcer, ou mesmo de nem ser amor, e sim outros sentimentos, como a paixão. Pois é necessário estar completamente ciente dquilo que se está 
sentindo e experimentando no dia a dia para que possa haver evolução. 

O amor de mãe, embora seja de difícil compreensão para o intelecto, é um sentimento, uma força consciente. A mãe em seu íntimo sabe, não de acordo com a mente, mas de acordo com o coração, de que ama o filho. Esse é um estado de consciência. 
Isso não ocorre em relacionamentos passionais, pois que a paixão impede que se note os defeitos do parceiro, portanto é um estado inconsciente e químico do corpo e da mente. A paixão nada mais é que um sentimento que induz ao vício.

Quando estamos com nosso parceiro, tudo é belo, colorido e feliz; mas assim que há a separação, o mundo torna-se escuro e nublado, e corremos o risco de perder o controle sobre nós mesmos. 
O estado de consciência já implica na visualização ampliada de um cenário muito maior. E assim é o amor verdadeiro. Ele não vê apenas um ponto limitado do Ser, mas tudo aquilo que tenha relação com a pessoa, direta ou indiretamente. Então, o verdadeiro amor é invariavelmente consciente. 
Para que se possa amar as pessoas mais próximas da maneira mais pura possível é necessário rasgar todos os véus e desconstruir todas as imagens criadas a respeito delas. É preciso vê-las como elas são, não como aparentam ser.

O primeiro passo é aventurar-se dentro de si mesmo e buscar amar-se incondicionalmente. Porque só podemos oferecer amor a outras pessoas quando temos amor dentro de nós. Quem não ama a si 
mesmo terá muitas dificuldades de amar conscientemente. Mas quando estamos totalmente centrados e conscientes daquilo que somos, o amor próprio floresce e nos torna divindades prontas para exercer seu papel. É então o momento de aprender a amar também a terceiros. 
Desconstruir as imagens que temos a respeito de outras pessoas é fundamental. Se você vê seu companheiro como um porto seguro, deve tirar isso de sua realidade, de sua mente. Pois em depositando segurança, a sua segurança, em outra pessoa, você está abdicando de seu poder e destruindo condições para estados amorosos do Ser.

Tudo aquilo que pensamos a respeito de terceiros precisa ser jogado fora. Nada disso realmente corresponde à realidade. É apenas uma criação mental e pessoal para tentar interpretar a presença de outra pessoa, criando um vínculo superficial entre ambos.

Quando há esse vínculo, já está constituída uma barreira para o amor consciente. Você não pode amar uma pessoa quando cria expectativas e conclusões a respeito dela. 
Uma mãe não cria nenhuma imagem de uma criança recém nascida. Tudo é novo para ela, para ambas. Não há imagens criadas, não há apegos objetivos. Se foram criadas imagens antes do nascimento, após a criança vir ao mundo, elas automaticamente se esvaem.

Todavia, quando a criança cresce, ambas começam então a desenvolver ideias a respeito uma da outra e é aqui que o amor de mãe começa a se distorcer. 
Embora permaneça incondicional, deixa de ser totalmente consciente, uma vez que há a característica de ver o filho agora já adolescente ainda como um ser inocente e indefeso. Pois a imagem da pri- 
meira infância ficou guardada na mente da mãe. 

Então é comum vermos mães defendendo filhos que cometem assassinatos, pois existe a confusão já criada por aquela imagem de protetora e protegido. Aqui não há amor consciente, pois mesmo no 
amor mais puro, ainda assim não devemos eximir aqueles que cometem faltas contra a vida. 
Amar de verdade significa a tudo perdoar, a tudo aceitar e a tudo tolerar, mas não a tudo relevar. 

O amor consciente então é aquilo que de mais puro podemos oferecer ao mundo, pois é em essência uma pequena gota do amor universal, do amor de Deus. 




TRECHO DO LIVRO POTENCIALIDADE PURA DE MARCOS KELD:blog: http://www.blog.potencialidadepura.com/

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