Quando a fé e o amor são onipresentes na nossa vida, deixa de haver lugar para a dúvida e para o medo.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
A ORIGEM DO MEDO
Mencionou o medo como fazendo parte da nossa dor emocional básica. Como é que ele surge e por que razão há tanto medo na vida das pessoas? E uma certa dose de medo não será apenas uma autodefesa saudável? Se eu não tivesse medo do fogo, punha a meio nas chamas e queimava-me.
A razão pela qual você não põe a mão no fogo não é o medo, mas o facto de saber que se queimará. Não é preciso ter medo para se evitar perigos desnecessários — basta um mínimo de inteligência e de bom senso. Para semelhantes questões práticas, convém aplicar as lições aprendidas no passado. Agora, se alguém o ameaçasse com fogo ou com violência física, talvez você sentisse algo parecido com medo. Isso seria uma hesitação instintiva perante um perigo, mas não medo no sentido psicológico, que é aquilo de que estamos a falar. Neste sentido, o medo não está relacionado com qualquer perigo imediato, concreto e real. Reveste-se de muitas formas: mal-estar, preocupação, ansiedade, nervosismo, tensão, terror, fobia, etc. Esta espécie de medo psicológico é sempre medo de alguma coisa que poderá vir a acontecer, não de qualquer coisa que esteja a acontecer agora. Você está no aqui e agora, enquanto que a sua mente está no futuro. E isso cria um hiato de ansiedade. E se você estiver identificado com a sua mente e perder o contacto com o poder e a simplicidade do Agora, esse hiato de ansiedade será o seu companheiro constante. Você pode sempre enfrentar o momento presente, mas não pode enfrentar uma coisa que não passa de uma projecção mental — não pode enfrentar o futuro.
Além disso, enquanto você estiver identificado com a sua mente, o ego dirigirá a sua vida, como fiz menção atrás. Por causa da sua natureza fantasmática, e apesar de mecanismos de defesa complexos, o ego é muito vulnerável e inseguro e considera-se constantemente ameaçado. Isto, a propósito, acontece mesmo que o ego esteja aparentemente muito seguro. Agora lembre-se de que uma emoção é a reacção do seu corpo à sua mente. Qual é a mensagem que o corpo recebe continuamente do ego, o falso eu, obra da mente? Perigo, estou a ser ameaçado. E qual é a emoção gerada por essa mensagem contínua? O medo, é claro.
O medo parece ter muitas causas. O medo da perda, o medo do insucesso, o medo de ser magoado, e por aí fora, mas no fim de contas todo o medo é o medo que o ego tem da morte e da aniquilação. Para o ego, o medo está sempre ali ao virar da esquina. No estado de identificação com a mente, o medo da morte afecta todos os aspectos da sua vida. Por exemplo, até mesmo uma coisa aparentemente tão banal e "normal" como a necessidade compulsiva de ter razão numa discussão e fazer com que a outra pessoa a não tenha –
defender a posição mental com a qual você se identificou – é devida ao medo da morte. Se você se identificar com uma posição mental, e se não tiver razão, a sua sensação de eu baseada na mente ficará seriamente ameaçada de aniquilação. Então você, na sua qualidade de ego, não se pode dar ao luxo de não ter razão. Não ter razão é morrer. Foi por causa disso que houve tantas guerras e se romperam relacionamentos sem conta.
Assim que você tiver deixado de se identificar com a sua mente, ter ou não ter razão deixa de ser importante para a sua sensação de identidade, pelo que a necessidade forçosamente compulsiva e profundamente inconsciente de ter razão, que é uma forma de violência, deixará de existir. Você poderá afirmar clara e firmemente como se sente ou o que pensa, mas não haverá nisso nem agressividade nem uma atitude defensiva. A sua sensação de identidade virá então de um lugar dentro de si, mais profundo e mais verdadeiro, c não da sua mente. Fique atento a qualquer atitude defensiva dentro de si. Está a defender o quê? Uma identidade ilusória, uma imagem na sua mente, uma entidade ficcional. Ao tornar este padrão consciente, por testemunhá-lo, você deixa de se identificar com ele. O padrão será rapidamente desfeito à luz da sua consciência. É o fim de todos os argumentos e jogos de poder, que são tão corrosivos para os relacionamentos. Poder sobre os outros é fraqueza mascarada de força. O poder verdadeiro reside no interior e está ao seu alcance.
Assim, qualquer pessoa que se identifique com a própria mente e, por conseguinte, se desligue do seu verdadeiro poder, o seu eu mais profundo enraizado no Ser, terá o medo por companheiro constante. O número de pessoas que já ultrapassou a mente é ainda extremamente reduzido, pelo que você poderá presumir que praticamente toda a gente que encontra ou conhece vive num estado de medo. Só a intensidade varia. Oscila entre ansiedade e terror, num dos extremos, e um vago mal-estar e uma remota sensação de ameaça no outro. A maioria das pessoas só toma consciência desse medo quando ele assume uma das suas formas mais agudas.
fonte:The Power of Now A Guide to Spiritual Enlightenment
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário